Precisava mesmo que você corresse, lhe desse um abraço apertado, pra protegê-la dos perigos que se apresentam na sua ausência. Talvez esses perigos não existam. Todos sabem, inclusive você, que a cabeça dela funciona diferente, logo, existe um grande potencial dos perigos fazerem parte da imaginação colorida e confusa que ela insiste em alimentar. Reais ou não, ela os cultiva diariamente, gastando sua energia em coisas inúteis. Inúteis pois não foram usadas pra lhe contar a verdade. Te dizer aquilo que gritava em seu peito e se agarrava a sua língua com medo de pular pra fora e em um susto espantá-lo pra longe.
Assim, as ideias continuam vagando na cabeça. Procurando um lugar pra se encaixar. Esses pensamentos nada mais refletem a não ser a extrema vontade que a consome toda noite. O desejo de que o cochilo juntos ao final da tarde se tornasse um sono terminando às sete da manhã do dia seguinte. O desejo de que a companhia do almoço se estendesse até a janta. O desejo de que o beijo de boa noite fosse interrompido pelo do "Bom dia, amor". O desejo do abraço infinito cheirando conforto e um café com gosto de saudade.